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Soli3: união de forças que reposiciona Cruz Alta no mapa da bioenergia

Cruz Alta, no noroeste gaúcho, se prepara para um salto de desenvolvimento com a instalação da Soli3, indústria de esmagamento de soja e produção de biodiesel criada pela Cotrijal (Não-Me-Toque), Cotripal (Panambi) e Cotrisal (Sarandi). A intercooperação reúne aproximadamente 35 mil produtores em mais de 100 municípios, com a proposta de industrializar a soja local e capturar mais valor na própria região. As obras começam em 2026 e a operação está prevista para 2028. 

Investimento e escala produtiva 


O projeto prevê R$ 1,25 bilhão em investimentos, com apoio de linhas de crédito para inovação. A indústria terá capacidade de processar 3.000 toneladas de soja por dia (cerca de 1 milhão de toneladas/ano) e produzir óleo degomado, biodiesel, glicerina, farelo de soja e casca peletizada. O complexo ocupará 138 hectares, com 62 mil m² de área construída e armazenagem para 160 mil toneladas de grãos, além de transbordo ferroviário para escoamento. O faturamento anual estimado é de R$ 2,2 bilhões. 


Por que Cruz Alta, e o que muda na cidade 


A escolha do município é estratégica: entroncamento rodoferroviário, proximidade de rodovias, ferrovia e aeroporto, e forte produção regional de grãos. Na construção, a obra deve mobilizar cerca de 1.000 empregos; na operação, são estimados aprox. 150 postos diretos e 500 indiretos na cadeia de serviços e logística. A arrecadação adicional deverá somar algo na casa de centenas de milhões de reais/ano em ICMS, fortalecendo o caixa público e irradiando efeito multiplicador sobre comércio e serviços. 

Cruz Alta, tradicional polo militar e agropecuário, passa a ganhar perfil industrial mais robusto, tornando-se hub logístico e de bioenergia no interior do estado. A presença de um grande complexo tende a atrair fornecedores, prestadores de serviços técnicos e iniciativas de tecnologia ligada ao agro e à energia. 


Tendências de mercado: verticalização e energia limpa 


A Soli3 materializa duas tendências claras: 

  1. Verticalização do agro – cooperativas deixando de vender apenas a commodity in natura para processar e transformar a matéria-prima, tornando a receita menos dependente das oscilações internacionais e devolvendo aos associados insumos de maior valor (como farelo para nutrição animal). 

  2. Cooperativismo de escala – a governança compartilhada e o ganho de poder em insumos e comercialização abrem espaço para um futuro parque industrial regional. 

No mercado de biodiesel, o ambiente regulatório segue favorável: a mistura obrigatória de biodiesel no diesel está em B15 e há planejamento para B16 no próximo ano, sustentando a demanda doméstica. O Rio Grande do Sul soma hoje nove usinas; com a Soli3, chegará a dez, reforçando a liderança estadual em bioenergia. No Brasil, são cerca de 60 indústrias distribuídas em 15 estados, cenário que sinaliza espaço para expansão. Na vizinhança, projetos de bioenergia — como etanol de trigo em Passo Fundo — ajudam a formar um ecossistema regional de renováveis. 


Os benefícios ambientais e estratégicos são relevantes: a substituição de diesel fóssil por biodiesel reduz emissões, melhora a segurança energética e diminui a dependência de importações. Em duas décadas, o programa nacional do setor já evitou emissões na ordem de centenas de milhões de toneladas de CO₂ e aliviou a balança de combustíveis. 


O que esperar a partir de 2028 


Ao combinar escala industrial, coordenação cooperativa e logística competitiva, a Soli3 tende a ser divisor de águas para Cruz Alta e região. Para o município, significará mais emprego, renda e investimentos. Para o agro, cadeia mais integrada e retorno ampliado ao produtor. Para a matriz energética, mais biocombustível e um passo consistente rumo à descarbonização. Se o cronograma se confirmar, a partir de 2028 Cruz Alta consolidará seu papel como referência gaúcha em agroenergia. 





Fontes:

Diário de Santa Maria:

 
 
 

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